domingo, 15 de maio de 2016

NÓS ACUSAMOS

Por: Vladimir Safatle

Diante da gravidade da situação nacional e da miséria das alternativas que se apresentam:
Nós acusamos o governo interino que agora se inicia de já nascer morto. Nunca na história da República brasileira um governo começou com tanta ilegitimidade e contestação popular. Se, diante de Collor, o procedimento de impeachment foi um momento de reunificação nacional contra um presidente rejeitado por todos, diante do governo Dilma o impeachment foi o momento em que tivemos de construir um muro para separar a Esplanada dos Ministérios em dois.
Esse muro não cairá, ele se aprofundará cada vez mais. Aqueles que apoiaram Dilma e aqueles que, mesmo não a apoiando compreenderam muito bem o oportunismo de uma classe política à procura de instrumentalizar a revolta popular contra a corrupção para sua própria sobrevivência, não voltarão para casa. Esse será o governo da crise permanente.
Nós acusamos os representantes desse governo interino de serem personagens de outro tempo, zumbis de um passado que teima em não morrer. Eles não são a solução para a crise política, mas a própria crise política no poder. Suas práticas políticas oligárquicas e palacianas só poderiam redundar em um golpe parlamentar denunciado no mundo inteiro.
Por isso, eles temem toda possibilidade de eleições gerais. Eles governarão com a violência policial em uma mão e com a cartilha fracassada das políticas de "austeridade" na outra. Políticas que nunca seriam referendadas em uma eleição. Com tais personagens no poder, não há mais razão alguma para chamar o que temos em nosso país de "democracia".
Nós acusamos o governo Dilma de ter colocado o Brasil na maior crise política de sua história. A sequência de escândalos de corrupção não foi uma invenção da imprensa, mas uma prática normal de governo.
De nada adianta dizer que essa prática sempre foi normal, pois a própria existência da esquerda brasileira esteve vinculada à possibilidade de expulsar os interesses privados da esfera do bem comum, moralizando as instituições públicas.
Que os setores da esquerda brasileira no governo façam sua autocrítica implacável. Por outro lado, a procura pela criação de uma conciliação impossível apenas levou o governo a se descaracterizar por completo, a abraçar o que ele agora denuncia, distanciando-se de seus próprios eleitores. O caráter errático deste governo foi a mão que cavou sua própria sepultura. Que esta errância sirva de lição à esquerda como um todo.
Nós acusamos aqueles que nunca quiseram encarar o dever de acertar contas com o passado ditatorial brasileiro e afastar da vida pública os que apoiaram a ditadura como responsáveis diretos pela instauração desta crise. A crise atual é a prova maior do fracasso da Nova República.
Que um candidato fascista (e aqui o termo é completamente adequado) como Jair Bolsonaro tenha hoje 20% das intenções de voto entre os eleitores com renda acima de dez salários mínimos mostra quão ilusória foi nossa "conciliação nacional" pós-ditadura. O fato de nossas cadeias não abrigarem nenhum torturador deveria servir de claro sinal de alerta.
Tal fato serviu apenas para preservar os setores da população que agora abraçam um fascista caricato e saem às ruas com palavras de ordem dignas da Guerra Fria. Por isso, a cada dia que passa, percebe-se como este setor da população se julga autorizado a cometer novas violências de toda ordem. Isso está apenas começando.
Nós acusamos setores hegemônicos da imprensa de regredirem a um estágio de parcialidade há muito não visto no país. Diante de uma situação de divisão nacional, não cabe à imprensa incitar manifestações de um lado e esconder as manifestações de outro, transformar-se em tribunal midiático e parcial, julgando, destruindo moralmente alguns acusados e preservando outros, deixando mesmo de se interessar por vários escândalos quando esses não atingem diretamente o governo.
Essa postura apenas servirá para explodir ainda mais os antagonismos e para reduzir a imprensa à condição de partido político.
Nesse momento em que alguns inclinam-se à uma posição melancólica diante dos descaminhos do país, há de se lembrar que podemos sempre falar em nome da primeira pessoa do plural, e esta será nossa maior força.
Faz parte da lógica do poder produzir melancolia, nos levar a acreditar em nossa fraqueza e isolamento. Mas há muitos que foram, são e serão como nós. Quem chorou diante dos momentos de miséria política que esse país viveu nos últimos tempos, que se lembre de que o Brasil sempre surpreendeu e surpreenderá. Esse não é o país de Temer, Bolsonaro, Cunha, Renan, Malafaia, Alckmin.
Esse é o país de Zumbi, Prestes, Pagu, Lamarca, Francisco Julião, Darcy Ribeiro, Celso Furtado e, principalmente, nosso. Há um corpo político novo que emergirá quando a oligarquia e sua claque menos esperar.


sexta-feira, 18 de março de 2016

O suicídio da Lava Jato

Texto de Vladimir Safatle:

O juiz Sérgio Moro conseguiu o inacreditável: tornar-se tão indefensável quanto aqueles que ele procura julgar. Contrariamente ao que muito defenderam nos últimos dias, suas últimas ações são simplesmente uma afronta a qualquer ideia mínima de Estado democrático. Não se luta contra bandidos utilizando atos de banditismo.
A divulgação das conversas de Lula com seu advogado constitui uma quebra de sigilo e um crime grave em qualquer parte do mundo. Não há absolutamente nada que justifique o desrespeito à inviolabilidade da comunicação entre cliente e advogado, independente de quem seja o cliente. Ainda mais absurdo é a divulgação de um grampo envolvendo a presidente da República por um juiz de primeira instância tendo em vista simplesmente o acirramento de uma crise política.
Alguns acham que os fins justificam os meios. No entanto, há de se lembrar que quem se serve de meios espúrios destrói a correção dos fins.
Pois deveríamos começar por nos perguntar que país será este no qual um juiz de primeira instância acredita ter o direito de divulgar à imprensa nacional a gravação de uma conversa da presidente da República na qual, é sempre bom lembrar, não há nada que possa ser considerado ilegal ou criminoso.
Afinal, o argumento de obstrução de Justiça não para em pé. Dilma tem o direito de nomear quem quiser e Lula não é réu em processo algum. Se as provas contra ele se mostrarem substanciais, Lula será julgado pelo mesmo tribunal que colocou vários membros de seu partido, de maneira merecida, na cadeia, como foi no caso do mensalão.
Lembremos que "obstrução de Justiça" é uma situação na qual o indivíduo, de má-fé e intencionalmente, coloca obstáculos à ação da Justiça para inibir o cumprimento de uma ordem judicial ou diligência policial. Nomear alguém ministro, levando-o a ser julgado pelo STF, só pode ser "obstrução" se entendermos que o Supremo Tribunal não faz parte da "Justiça".
A fragilidade do argumento é patente, assim como é frágil a intenção de usar um grampo ilegal cuja interpretação fornecida pelo sr. Moro é, no mínimo, passível de questionamento.
Na verdade, há muitas pessoas no país que temem que o sr. Moro tenha deixado sua função de juiz responsável pela condução de processo sobre as relações incestuosas entre a classe política e as mega construtoras para se tornar um mero incitador da derrubada de um governo.
A Operação Lava Jato já tinha sido criticada não por aqueles que temiam sua extensão, mas por aqueles que queriam vê-la ir mais longe. Há tempos, ela mais parece uma operação mãos limpas maneta.
Mesmo com denúncias se avolumando, uma parte da classe política até agora sempre passa ilesa. Não há "vazamentos" contra a oposição, embora todos soubessem de nomes e esquemas ligados ao governo FHC e a seu partido. Só agora eles começaram a aparecer, como Aécio Neves e Pedro Malan.
Reitero o que escrevi nesta mesma coluna, na semana passada: não devemos ter solidariedade alguma com um governo envolvido até o pescoço em casos de corrupção. Mas não se trata aqui de solidariedade a governos. Trata-se de recusar naturalizar práticas espúrias, que não seriam aceitas em nenhum Estado minimamente democrático.
Não quero viver em um país que permite a um juiz se sentir autorizado a desrespeitar os direitos elementares de seus cidadãos por ter sido incitado por um circo midiático composto de revistas e jornais que apoiaram, até o fim, ditaduras e por canais de televisão que pagaram salários fictícios para ex-amantes de presidentes da República a fim de protegê-los de escândalos.
O Ministério Público ganhou independência em relação ao poder executivo e legislativo, mas parece que ganhou também uma dependência viciosa em relação aos humores peculiares e à moralidade seletiva de setores hegemônicos da imprensa.
Passam-se os dias e fica cada dia mais claro que a comoção criada pela Lava Jato tem como alvo único o governo federal.
Por isso, é muito provável que, derrubado o governo e posto Lula na cadeia, a Lava Jato sumirá paulatinamente do noticiário, a imprensa será só sorrisos para os dias vindouros, o dólar cairá, a bolsa subirá e voltarão ao comando os mesmos corruptos de sempre, já que eles foram poupados de maneira sistemática durante toda a fase quente da operação.
O que poderia ter sido a exposição de como a democracia brasileira só funcionou até agora sob corrupção, precisando ser radicalmente mudada, terá sido apenas uma farsa grotesca. 

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2016/03/1751218-o-suicidio-da-lava-jato.shtml

quinta-feira, 17 de março de 2016

Legalidade Democrática, sim!

Era uma vez a turma do "Aécio 45" que não venceu nas urnas. Descontentes, uniram forças e tornaram-se "Joaquim Barbosa para presidente", não tendo dado certo, aplaudiram o "Japonês da Federal" e a moda agora é: "Somos todos Moro". Como podem elegê-lo paladino da moral, apesar de suas arbitrariedades?

A imprensa tem um poder muito grande sobre as escolhas ( e a moralidade) das pessoas. Toda foto, toda manchete de jornal/revista, todo recorte de fala são especialmente escolhidos. A imprensa (toda ela, TODA!) dá voz à quem corresponde aos seus interesses. E, sim, toda a imprensa tem interesses. (Aliás, todos nós temos interesses). Reconhecer este fato é importante para assumir qualquer postura de forma lúcida.

Infelizmente muita gente está se envolvendo por modismo com forças reacionárias, com pouca ou nenhuma clareza dos fatos. Por outro lado, temos também, embora não amplamente divulgado, alguns movimentos de resistência ao golpe. Foi um alento receber hoje uma série de vídeos do Ato pela Legalidade Democrática no Teatro da Universidade Católica de São Paulo que aconteceu ontem à noite. A união de intelectuais, juristas, movimentos sociais e artistas na noite passada mantém ainda uma centelha de esperança acesa.



domingo, 13 de março de 2016

Da arte de sujar o que se lava a jato

Li na Falha de São Paulo que  Aécio Neves e  Geraldo Alckmin estarão juntos na paulista em manifestação contra Dilma. Em seguida ouvi um comentário ácido-engraçado, prevendo que o primeiro levará 30% de pó e o outro 50% da merenda do estado de São Paulo. Superfaturando e manifestando...Má oêêê! 
À parte esses safados e seus seguidores, abaixo partilho um texto de Vladimir Safatle, porque coerência e bom senso caem sempre muito bem...
"Um dos principais predicados da justiça é a simetria. Justo é tratar de maneira simétrica, aplicar a mesma medida a todos aqueles que serão julgados.
Na ausência de simetria, a aplicação da justiça se transforma em mera expressão de jogo de poder, pois a justiça é injusta quando trata de maneira justa apenas uma parte dos envolvidos.
Vale lembrar desses princípios elementares de filosofia moral para compreender a indignação que tomou parte da população brasileira com os últimos desdobramentos da Operação Lava Jato.
É inegável a importância da operação no desvelamento do esquema incestuoso de relação entre empresariado e governo construído como alicerce da Nova República.
Ela mostra claramente o que é o capitalismo brasileiro: um oligopólio composto por megaempresas que não operam a partir da lógica da concorrência, mas da corrupção contínua e generalizada do Estado como condição normal de funcionamento.
Desde o seu início, a Lava Jato deixou claro como estávamos falando de um funcionamento que envolvia toda (deixe-me repetir, toda) a classe política brasileira. O assalto à Petrobras não era traço distintivo deste governo, mas já vinha desde o governo FHC.
Os beneficiários de doações ilegais das empreiteiras não eram apenas membros do governo. Aécio Neves estava lá em mais de uma delação, seu sucessor no governo de Minas, Antonio Anastasia, foi imediatamente citado logo na primeira leva da operação.
Repetia-se assim um roteiro que vimos no caso do mensalão, quando o governo Lula havia se beneficiado de um esquema de corrupção em operação no governo FHC e liderado pelo ex-presidente de seu partido, o sr. Eduardo Azeredo. Lembrar disto não é retirar a responsabilidade dos últimos governos federais.
Não há solidariedade possível com governos, como os dois últimos, que usaram sistematicamente da corrupção do Estado e cujos maiores operadores mostram marcas de enriquecimento ilícito.
Mas não haverá mundo pior do que aquele no qual alguns são punidos pela corrupção enquanto outros podem corromper impunemente.
Até agora, é para este mundo que a Operação Lava Jato está a apontar. É isso que dá, para muitos, a impressão de que tudo se passa como se a operação fosse peça de uma briga de gângsteres para saber quem vai conduzir os negócios de sempre.
De fato, o tucanato é uma espécie de Houdini da política brasileira: consegue sempre escapar ileso de todo caso de corrupção e da culpabilização de suas ações escandalosas.
José Dirceu está hoje na cadeia devido ao mensalão; o que é justo. Mas pergunte-se onde está Eduardo Azeredo. Solto ou na cadeia?
As contas da campanha de Dilma estão sendo julgadas, o que é justo. E as contas de Aécio?
Lula está sendo investigado por sinais de relações incestuosas com megaempreiteiras, o que é justo. Contrariamente ao que dizem alguns, é assim que se trata um ex-presidente.
Em sua defesa na semana passada, Lula não escondeu o apreço que tem por tais empreiteiras corruptas. Ele escolheu seu caminho.
Mas e FHC, como ele é tratado? Há semanas atrás, o país descobriu estarrecido que, enquanto presidente, Fernando Henrique Cardoso mantinha relações de profunda dependência com uma megaempresa por ela ter dado um jeito de sumir com sua amante, pagando-lhe salários fictícios e livrando-o assim de um possível escândalo que poderia abalar sua carreira. Isso não se trata de “problema pessoal” nem é fato ligado à sua vida privada.
Em qualquer país do mundo, algo dessa natureza seria um escândalo intolerável por mostrar o grau de fragilização do exercício da presidência e de submissão que alguns políticos estão dispostos a produzir.
O fato mostraria o tipo de relação espúria e incestuosa que setores da imprensa têm com o poder. Mas no Brasil, sendo o senhor em questão um tucano, o caso inacreditavelmente não teve maiores consequências.
Assimetrias como essas são a razão primeira do grau explosivo de tensão a que chegamos atualmente no Brasil.
Tivesse a Justiça operado de maneira justa com todos e tivessem setores da imprensa atuado de maneira implacável com todos, teríamos a segurança de não haver interesses inconfessáveis por trás de ações espetaculares como as vistas semana passada.
Mas a assimetria produz uma insegurança profunda a respeito das intenções em jogo, o que é um convite à desagregação completa dos pactos no interior da combalida democracia brasileira."

domingo, 10 de janeiro de 2016

TREZE ANOS

Todo dia 10 de janeiro relembro o dia mais incrível da minha vida, os últimos minutos antes que eu pudesse ouvir o chorinho do meu bebê e a primeira vez que vi o seu rostinho.  Para mim, ser mãe é uma experiência muito forte. Impossível não me emocionar nesta data tão querida...Hoje, esta é a minha oração:

"Que nossos filhos não sejam desculpas
para nosso medo de enfrentar o mundo
nem para nossa voracidade,
a sede de poder,
ou o acúmulo de bens.
Que nossos filhos não sejam motivo
para permanecermos em casamentos sem amor
ou sem respeito mútuo,
pois essa culpa se tornará para eles
um peso impossível de carregar.
Que nossos filhos não sejam educados
como uma forma de realizar nossas frustrações
nem como porta-vozes de nossa omissão.
Não pretendamos que os filhos tragam a solução para a solidão,
porque ninguém pode assumir a solidão de outrem.
Que nossos filhos exerçam somente
a busca por iluminar suas próprias almas.
E que nós, pais,
sejamos apenas guardiões
dessas sementes desabrochando."

Texto de Roberto Shinyashiki

Foto de Victor Sunaga por Henderson Moret

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A felicidade das estrelas


Achei genial a charge acima. Felicidade é tema que nunca sai de pauta. Já muitos filósofos pensaram sobre este tema. Mas, filósofos são chatos, cansativos e convidam-nos a pensar e, pensar, dá muito trabalho...Interessantes e excitantes são os profissionais que oferecem respostas práticas e caminhos rápidos para a "felicidade".

É comum encontrarmos vendedores divulgando seus produtos tendo como referência pessoas famosas. Tenha os cabelos das estrelas, as unhas das estrelas, o sorriso das estrelas, o corpo das estrelas, a vida das estrelas... Um momento de silêncio, de espera, num mundo que gira às pressas, incomoda muito. Melhor entreter as gentes com imagens que as gentes gostam de ver. Televisores ligados nos canais mais populares, digamos assim, e revistas-lixo são frequentemente encontradas- aos montes- como opção de lazer nas salas de espera.

Aquele papo aristotélico de eudaimonia é coisa do passado.  Agora, os famosos do mundo artístico é que são tomados como modelo de "vida boa", de "vida feliz".  (Aliás, no nosso tempo é um dever acompanhar as novelas e a vida de artistas, se quisermos ter assunto em qualquer ocasião.)

Acontece que, no fim das contas, a forma de agir das pessoas reflete sempre uma forma de pensar, a busca de um ideal. Se o ideal hoje é o personagem famoso e bonito da televisão, o investimento da massa vai ser nesse sentido. O objetivo de vida passa a ser, então, a felicidade aos moldes da TV. Artistas e famosos tornam-se a inspiração de seus seguidores.

Como todos os mortais, os lindões da TV vão envelhecendo e sendo substituídos por outros mais novos. O tempo naturalmente passa também para os telespectadores, que não se percebem ridículos correndo em busca daquele padrão cristalizado nas imagens da TV e das revistas. Para evitar o encontro com o vazio de suas existências, os telespectadores seguem consumindo loucamente mais e mais produtos com promessas de "felicidade". Viciados no estado de euforia que cada produto novo traz, os miseráveis  de espírito mantem a riqueza (financeira) de quem lhes rouba a alma.

Um dos  resultados desse modo de vida médio é o esvaziamento da humanidade das pessoas na proporção do seu  inchaço com artefatos desnecessários. Acúmulo de bens materiais e esvaziamento de significado, de vida, ou de espiritualidade, por assim dizer...